Meu nome é Paulo Augusto, conhecido no meio religioso como Paulo Palmares.

A minha história começou, quando dei os meus primeiros toques no atabaque com 3 anos de idade no centro de Umbanda Cabocla Guacira de Xangô onde minha mãe trabalhou por 30 anos.

Por ela frequentar a casa, desde pequeno eu a acompanhava nos trabalhos espirituais, vendo aquele toque que contagiava comecei a tocar nos baldes, nas panelas e na mesa de casa. Em uma gira de Pretos Velhos, sentado na assistência acompanhando aos trabalhos, eu tocava timidamente na borda da cadeira o ritmo dos ogans que tocavam na gira.

A mãe da casa perguntou a minha mãe onde eu tinha aprendido a
tocar atabaque, ela disse que eu tocava em tudo que via pela frente.
A partir daquele momento, eu comecei a frequentar vestindo branco.

Neste momento começou a minha história e jornada espiritual dentro
da Umbanda.

Com o passar do tempo eu conheci o terreiro de Dona Maria José de
Carvalho, conhecida como Vó Maria, que veio a falecer com 109 anos
de idade. No terreiro da Vó Maria eu tive contato com os toques que
são utilizado hoje em todos os terreiros de Umbanda.

Por exemplo: o Ijexa, o Nagô, o Samba de Angola, o Congo de Ouro e o Barravento.

Fiquei por 9 anos na casa na qual Dona Maria era nossa mentora
espiritual.

Com o passar dos anos eu fui adquirindo experiências e foi
estudando, pesquisando e me aprofundando cada vez mais nos
fundamentos e na história, compreendendo a importância que tem o
instrumento dentro dos trabalhos.

Ao adentrar na história do Quilombo São José da Serra eu conheci o
Jongo, que é um movimento, uma cultura que nasceu dentro das
senzalas e que hoje se espalha pelos Quilombos, relembrando a
antiguidade e a ancestralidade.

Em nossas aulas com permissão do Tio Mané o mais velho do Quilombo de São José da Serra, além dos toques comumente tocados na Umbanda, eu ministro aulas de
atabaque, toques e cantos de Jongo.

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Por fim, com a permissão da espiritualidade e dos mais velhos, eu
montei essa apostila com pontos antigos, cantados em todos os
toques, para que a raiz não seja esquecida e para que nós possamos
mantemos as nossas origens e essa maravilhosa tradição dos nossos
ancestrais.